Uma proposta: Fenomenologia da Astrologia
As casas astrológicas são setores de nossas vidas representadas dentro do rico e sacro acervo simbólico da arte milenar chamada astrologia. Não abordarei profundamente a fenomenologia dentro de astrologia: este é um trabalho para o futuro. Pretendo trazer o modo de reflexão inaugurado por Edmund Husserl, chamado Fenomenologia, para o fenômeno básico das casas astrológicas horóscopo. Penso que um trabalho sério nesta direção ainda está faltando em nossa língua.
A fenomenologia é um modo de descrição dos fenômenos que visa recuperar a essência. Para isso, ela utiliza a redução eidética, que nada mais é do que uma suspensão do modo natural de consideração dos objetos e o levantamento do fenômeno tal como ele aparece à consciência. Por isso, mesmo com meu escasso conhecimento dos pormenores da reflexões de Husserl, vou tentar apresentar aqui o simbolismo astrológico, polissêmico por natureza, do ponto de vista que já existe na literatura astrológica e do ponto de vista da consciência em situação no mundo, incluindo o ato originário de doação de significado. Mas isso, repito, é um trabalho ainda iniciante. Preciso de mais leituras acerca do método fenomenológico.
O Significado das Casas: o que é necessário saber
Para uma boa compreensão do significado das casas astrológicas será necessário uma boa capacidade de julgar, pois aqui se presume que se possa fazer uma boa subsunção do particular a um universal que é por natureza flexível e polissêmico. O universal é dado, mas não é determinado. Por isso, que a astrologia é um campo simbólico, e aqui tratamos de simbolismo. É também arte, na medida em que é a Arte da interpretação, pois não existe regra fixa para a interpretação.
Os quatro elementos
Tenho uma hipótese sobre o simbolismo dos quatro elementos:
* A Água representa a vida e os mistérios
da Natureza Invisível, alcançada pelo êxtase.
* O Fogo representa o amor e as aspirações
humanas
* O Ar representa a interação do Homem com
a Natureza e com os outros homens.
*E a Terra representa a natureza visível e
suas leis.
As casas astrológicas
As casas
astrológicas são tradicionalmente conhecidas como sendo os ''setores'' de nossa
vida. Porém, gostaríamos de aprofundar melhor esse conceito, dizendo que, na
verdade, as casas astrológicas são conceitos
gerais sobre os atributos e formas de
atuação da personalidade no
mundo. Esse conceitos gerais, por sua vez, permitem outros tantos conceitos
localizados. Por exemplo, a casa 3 é a nossa forma de comunicação (conceito
geral) e também nossa habilidade para o comércio (conceito localizado,
estritamente ligado ao ato geral de se comunicar). Esses conceitos gerais
repousam sobre princípios. Por exemplo, o princípio da casa 3 é ser a primeira
casa do elemento ar do horóscopo. Os princípios nortearão o desdobramento do
conceito geral para os conceitos localizados (aquilo que Kant chamaria de Conceitos
Puros e Conceitos Empíricos), e assim teremos a rede de significados de uma casa
astrológica. Recapitulando, temos, para a extensão da rede de significados de
uma casa astrológicas:
Princípios Gerais - Conceitos Gerais - Conceitos Localizados.
Divisão das casas em Três Momentos
Se
prestarmos bem atenção ao desenrolar sequencial das casas astrológicas,
veremos, sem dificuldades, que se trata do desenvolvimento do ser humano no
mundo. Seguindo o princípio trino de ''Deus, Homem e Natureza', podemos dividir
as casas em casas em Pré-Pessoais, Subjetivas e
Transpessoais, isto é, onde o princípio é o Ser, o Sujeito e o Objeto.
Na Cabala, mais particularmente do Sepher Jetziráh, é aquele verso que fala: Eu Sou o Nome, Oque Nomeia e Aquilo que é
Nomeado. Vejamos:
* Da casa
1 até a casa 4 temos tudo aquilo que já é dado antes de nosso livre
assentimento. É o ser. São as condições da vida e da psique. Portanto, podem
ser ser chamadas de casas condicionais.
* Da casa
5 até a casa 8 temos tudo aquilo que nós fazemos de nossas condições, isto é,
que agora mediamos a partir de nós mesmos. É o Sujeito. Por existir a
participação do Sujeito como Criador, e não como produto como acontecia nas
casas anteriores, podemos chamar essas casas de casas Subjetivas.
* Da casa
9 até a casa 12 temos tudo aquilo que implica a sociedade. Seria o produto de
nossa relação com o mundo e o impacto que isso tem para os demais. É o objeto ou o objetivo. Aqui nos sentimos integrados e interligados com uma rede maior que é a humanidade e às vezes até
mesmo com toda a criação
Divisão das Casas em 4 momentos
Casas de Fogo - Delineia como a Luz Interior é
primeiramente expressa. Primeiramente é na forma de irradiação (casa 1), depois na forma de criação (casa 5) e por último na forma de aspiração (casa 9)
Casas de Ar - Delineia como nós interagimos com
os outros. É interessantíssimo notar como as três casas de Ar podem ser
resumida no nome dos três graus simbólicos da Maçonaria: casa 3 - aprendiz; casa 7 - companheiro; casa 11- mestre.
Pois é exatamente isso o que ocorre. Na casa 3 nós aprendemos, na casa 7 nos relacionamos com nossos companheiros e na casa 11 nos tornamos mestres, na
medida em que nossa preocupação é coletiva.
Casas de Água - Delineia nossa interioridade.
Primeiramente nossa intimidade pessoal (casa 4), depois nossa intimidade
compartilhada (casa 8) e por fim nossa intimidade com toda a raça humana (casa
12).
Casas de Terra - Delineia nossa inserção no mundo
material. Primeiramente, como recursos pessoais e valores (Casa 2), depois como
recursos úteis à subsistência (casa 6) e, por fim, os recursos socializáveis e
nossa função na gerência das coisas do mundo (casa 10).
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