quarta-feira, 23 de outubro de 2013

As casas astrológicas e o simbolismo universal

                     Uma proposta: Fenomenologia da Astrologia

       As casas astrológicas são setores de nossas vidas representadas dentro do rico e sacro acervo simbólico da arte milenar chamada astrologia. Não abordarei profundamente a fenomenologia dentro de astrologia: este é um trabalho para o futuro. Pretendo trazer o modo de reflexão inaugurado por Edmund Husserl, chamado Fenomenologia, para o fenômeno básico das casas astrológicas horóscopo. Penso que um trabalho sério nesta direção ainda está faltando em nossa língua. 

           A fenomenologia é um modo de descrição dos fenômenos que visa recuperar a essência. Para isso, ela utiliza a redução eidética, que nada mais é do que uma suspensão do modo natural de consideração dos objetos e o levantamento do fenômeno tal como ele aparece à consciência. Por isso, mesmo com meu escasso conhecimento dos pormenores da reflexões de Husserl, vou tentar apresentar aqui o simbolismo astrológico, polissêmico por natureza, do ponto de vista que já existe na literatura astrológica e do ponto de vista da consciência em situação no mundo, incluindo o ato originário de doação de significado. Mas isso, repito, é um trabalho ainda iniciante. Preciso de mais leituras acerca do método fenomenológico.


           O Significado das Casas: o que é necessário saber


     Para uma boa compreensão do significado das casas astrológicas será necessário uma boa capacidade de julgar, pois aqui se presume que se possa fazer uma boa subsunção do particular a um universal que é por natureza flexível e polissêmico. O universal é dado, mas não é determinado. Por isso, que a astrologia é um campo simbólico, e aqui tratamos de simbolismo. É também arte, na medida em que é a Arte da interpretação, pois não existe regra fixa para a interpretação.


                                 Os quatro elementos


    Tenho uma hipótese sobre o simbolismo dos quatro elementos:

* A Água representa a vida e os mistérios da Natureza Invisível, alcançada pelo êxtase.

* O Fogo representa o amor e as aspirações humanas

* O Ar representa a interação do Homem com a Natureza e com os outros homens.

*E a Terra representa a natureza visível e suas leis.

                              As casas astrológicas

          As casas astrológicas são tradicionalmente conhecidas como sendo os ''setores'' de nossa vida. Porém, gostaríamos de aprofundar melhor esse conceito, dizendo que, na verdade, as casas astrológicas são conceitos gerais sobre os atributos e formas de atuação da personalidade no mundo. Esse conceitos gerais, por sua vez, permitem outros tantos conceitos localizados. Por exemplo, a casa 3 é a nossa forma de comunicação (conceito geral) e também nossa habilidade para o comércio (conceito localizado, estritamente ligado ao ato geral de se comunicar). Esses conceitos gerais repousam sobre princípios. Por exemplo, o princípio da casa 3 é ser a primeira casa do elemento ar do horóscopo. Os princípios nortearão o desdobramento do conceito geral para os conceitos localizados (aquilo que Kant chamaria de Conceitos Puros e Conceitos Empíricos), e assim teremos a rede de significados de uma casa astrológica. Recapitulando, temos, para a extensão da rede de significados de uma casa astrológicas:

Princípios Gerais - Conceitos Gerais - Conceitos Localizados.

Divisão das casas em Três Momentos

      Se prestarmos bem atenção ao desenrolar sequencial das casas astrológicas, veremos, sem dificuldades, que se trata do desenvolvimento do ser humano no mundo. Seguindo o princípio trino de ''Deus, Homem e Natureza', podemos dividir as casas em casas em Pré-Pessoais, Subjetivas e  Transpessoais, isto é, onde o princípio é o Ser, o Sujeito e o Objeto. Na Cabala, mais particularmente do Sepher Jetziráh, é aquele verso que fala: Eu Sou o Nome, Oque Nomeia e Aquilo que é Nomeado. Vejamos:
* Da casa 1 até a casa 4 temos tudo aquilo que já é dado antes de nosso livre assentimento. É o ser. São as condições da vida e da psique. Portanto, podem ser ser chamadas de casas condicionais.
* Da casa 5 até a casa 8 temos tudo aquilo que nós fazemos de nossas condições, isto é, que agora mediamos a partir de nós mesmos. É o Sujeito. Por existir a participação do Sujeito como Criador, e não como produto como acontecia nas casas anteriores, podemos chamar essas casas de casas Subjetivas.
* Da casa 9 até a casa 12 temos tudo aquilo que implica a sociedade. Seria o produto de nossa relação com o mundo e o impacto que isso tem para os demais.  É o objeto ou o objetivo. Aqui nos sentimos integrados e interligados com uma rede maior que é a humanidade e às vezes até mesmo com toda a criação


                         Divisão das Casas em 4 momentos

Casas de Fogo - Delineia como a Luz Interior é primeiramente expressa. Primeiramente é na forma de irradiação (casa 1), depois na forma de criação (casa 5) e por último na forma de aspiração (casa 9)
Casas de Ar - Delineia como nós interagimos com os outros. É interessantíssimo notar como as três casas de Ar podem ser resumida no nome dos três graus simbólicos da Maçonaria: casa 3 - aprendiz; casa 7 - companheiro; casa 11- mestre. Pois é exatamente isso o que ocorre. Na casa 3 nós aprendemos, na casa 7 nos relacionamos com nossos companheiros e na casa 11 nos tornamos mestres, na medida em que nossa preocupação é coletiva.
Casas de Água Delineia nossa interioridade. Primeiramente nossa intimidade pessoal (casa 4), depois nossa intimidade compartilhada (casa 8) e por fim nossa intimidade com toda a raça humana (casa 12).
Casas de Terra - Delineia nossa inserção no mundo material. Primeiramente, como recursos pessoais e valores (Casa 2), depois como recursos úteis à subsistência (casa 6) e, por fim, os recursos socializáveis e nossa função na gerência das coisas do mundo (casa 10).





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