terça-feira, 12 de novembro de 2013

A Paixão e o Amor no simbolismo astrológico

São paixão e amor a mesma coisa para a astrologia? Certamente que não. Podemos pensar o amor a partir do signo que o representa na astrologia: o signo de Libra. Esse signo é representado por uma balança, e, na tradição astrológica, é regido pelo planeta Vênus e possui correspondência com a sétima casa astrológica, a conhecida casa do matrimônio. Por representar uma casa astrológica que inaugura o hemisfério norte na mandala do mapa, podemos presumir que a antiga sabedoria oculta nos quis informar que o amor tem algo haver com uma consciência de nossa responsabilidade pelo outro. Pois, a parte de cima do mapa representa nossa participação no mundo da coletividade e nossa chamada para compartilharmos e contribuirmos o que trazemos conosco com outros. Não é à toa que Libra é um signo que no qual o planeta Saturno, o planeta da responsabilidade e do karma, esteja exaltado. Isso pode estar nos informando que o amor é em última instância responsabilidade pelo outro. Se o signo de Libra refere-se ao amor, podemos então compreender o que a sabedoria oculta compreende por essa palavra tão mal compreendida em nossos tempos. Libra é um signo do elemento Ar, que, por sua vez, é um elemento ativo, masculino e diurno segundo a tradicional classificação de Ptolomeu. Esses significados equivalem a tudo aquilo que seja irradiado pela consciência, pela lucidez e pela vontade. Logo, o amor, para a sabedoria esotérica, é uma escolha consciente, perpassada pelo senso de responsabilidade e com finalidade de cumprimento kármico. Algo diferente se passa com a paixão. Localizá-la na astrologia não parece ser tão fácil a primeira vista. Que signo representaria a paixão? A paixão parece estar de alguma forma ligada ao elemento fogo, tanto que é comum escutarmos frases do tipo: ''o fogo da paixão..''. Mas, se o fogo é um elemento masculino, ativo e diurno, significa que ele é também um processo consciente, portanto um processo da vontade. Então seria a paixão, se associada ao elemento fogo, algo acionado a partir da vontade? Certamente que não. A paixão não é algo controlável. Ela irrompe sem pedir licenças. Para que possamos compreender que correspondência simbólica possui a paixão no simbolismo astrológico precisamos delimitar o que entendemos por paixão. A paixão é um sentimento caloroso, ardente, mas que está fora de nossa capacidade de controlá-lo (exceção para os ascetas e iniciados perfeitos). Por ser algo que não está sob nossa vontade ela então é desejo e portanto é alguma coisa do âmbito do passivo. A paixão é algo que irrompe de dentro para fora e é canalizado no alvo do nosso desejo. Percebe-se então que a paixão mesmo sendo externamente algo ativo, irradiante e dirigido ''para fora'', ela é, ocultistamente falando, algo passivo na medida em que o parâmetro aqui é a autonomia da vontade do sujeito, que é deixada de lado pela submissão a um ente exterior. Já a vontade, que externamente pode parecer ''para dentro'' (porquanto parece ser algo egoísta e frio), é, ocultistamente falando, algo ativo. Isso mostra a analogia dos contrários, que é um dos pilares mais altos do conhecimento esotérico. Assim, como a astrologia é um sistema acerca da ordem oculta da Natureza e está situada na relação do homem com o mundo, ela vai se referir ao âmbito externo de manifestação. Portanto, a paixão, que externamente é ativa, é por isso mesmo associada ao elemento fogo, mesmo que ela esotericamente falando seja desejo e passividade. Chegamos então ao signo que pode representar a paixão: Leão! Embora o signo de Leão possa também representar o amor puro e desinteressado, ele é, ao menos em sua manifestação mais primária, o símbolo da paixão. E vejamos a seguir como isso se encaixa perfeitamente com a corespondência acerca da tríplice divisão da astrologia. Leão está associado à quinta casa astrológica, que é a casa do prazer, do sexo, das paqueras, das diversões, hobbies e filhos e, consequentemente, das paixões. Essa casa é uma das casas do hemisfério sul da mandala do mapa, significando que se trata de uma expressão de formação da personalidade e ainda não-responsável, isto é, não compromissada com o outro. Por isso é essa a casa do sexo sem compromisso, enquanto a sétima casa é a própria casa do compromisso com o outro em qualquer nível (seja afetivo, profissional, espiritual etc) Chegamos então à constatação de que a paixão e o amor são fenômenos de natureza diferentes para a sabedoria da astrologia. Perceba que se sétima casa vem após a quinta casa, indica que o amor começa sendo uma paixão, e, por serem casas que traçam entre si uma relação de sêxtil, isso significa que a paixão e o amor são coisas diferentes mas que podem se abastecer mutuamente: um pouco de paixão no amor e um pouco de amor na paixão são coisas apreciáveis e positivas. Algumas pessoas porém têm a dificuldade, numa dada relação, de fazerem a transição da paixão para o amor. Existem inclusive alguns signos que possuem extrema dificuldade de entenderem que ir para o nível da amor significa de alguma forma deixar a paixão de lado, pois pensam que sem paixão não há amor. Acredito que esses sejam os signos de fogo (Áries, Leão e Sagitário). Paixão e Amor são coisas diferentes e não é possível permanecer com os dois por muito tempo. Um tem que abrir mão de seu espaço para que o outro possa atuar. Talvez não se excluam totalmente, mas não conseguem ficar com a igualdade de espaço dentro de alguém: sempre um terá que ter menos espaço. Agora fica bastante claro o quanto de esoterismo existe por trás da ideia de casamento. A Igreja, que é portadora de conhecimento esotérico em seu seio, sempre soube disso. Portanto, o amor é realmente próximo àquilo que nós conhecemos através da ideia de matrimônio: ele é responsabilidade pelo outro e é, de um ponto de vista mais esotérico, um ato que visa o cumprimento de desígnios kármicos. É através dessa clara ideia acerca do amor que podemos começar aqui em diante traçar uma relação mais conscicente com as exigências da vida e com nosso propósito em sermos seres que não vivem sós.

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